quarta-feira, 13 de julho de 2011

Imagem, de Jonas Silva



Integrante do grupo vocal Garotos da Lua, Jonas Silva abandonara seus parceiros na década de 50 para seguir carreira solo. O lugar vago seria ocupado por nada mais nada menos que João Gilberto. Silva assinaria com a Rádio Tupi e gravaria discos para a Mocambo e para a Philips.

Rótulo de um dos LPs do selo Imagem.
Vindo de Pernambuco e radicado no Rio de Janeiro, Jonas Silva havia sido vendedor da Murray, lendária loja de discos e ponto de encontro da juventude carioca durante as décadas de 40 e 50. Nos anos 60, já afastado dos holofotes, Silva continuava a lidar com discos, agora não como cantor ou vendedor, mas como radialista e produtor, realizando edições de álbuns estrangeiros de Jazz para a Philips. A partir de 1969, Jonas Silva desempenharia tal função em seu próprio selo, Imagem, responsável por trazer ao Brasil títulos de notáveis etiquetas norte-americanas e europeias voltadas primordialmente ao Jazz, ainda com pouca representação comercial no Brasil. O filão explorado por Jonas Silva rendeu edições brasileiras de grandes álbuns de artistas como Billie Holiday, Stephane Grapelli, Duke Ellington e Dizzy Gillespie. Na década de 80, Silva reeditaria ainda discos da já extinta etiqueta Mocambo, iniciando flerte com o novo formato que àquela época despontava: o CD. O selo Imagem lançaria ainda produções próprias de artistas do porte de Gilson Peranzzetta, Oscar Castro Neves, Luiz Eça e Victor Assis Brasil. Os últimos lançamentos engendrados por Jonas Silva sob a marca Imagem datam de 1996.

Em 26 de julho de 2008, “O Globo Online” publicava entrevista feita com Silva. Àquela época com 79 anos, dizia-se indiretamente responsável pela invenção da Bossa-Nova, e que “Dick Farney e Lúcio Alves começaram tudo, foram os primeiros cantores modernos brasileiros”.

Ao lado de tantos empreendedores, Jonas Silva é mais um grande e respeitável nome associado à criatividade e à ousadia em nossa fonografia.

Warner Sob Nova Direção




Nascido em 1958 nos EUA, o braço fonográfico da Warner Brothers, companhia até então atuante apenas no ramo da cinematografia, passou por diversas mãos durante sua trajetória: Seven Arts, nos anos 60; Kinney National Company, nos anos 70; Warner Communications, até a década de 90; Time Warner, até 2004.

No ano de 2006, executivos da Warner Music iniciaram negociações com a EMI – Electric and Musical Industries – visando uma eventual fusão, o que acabou por não se concretizar dada a insegurança jurídica constatada pela companhia inglesa. De 2004 até maio deste ano a Warner Music, desvinculada de grupos empresariais, atuava de maneira autônoma até ser adquirida pelas multifacetadas indústrias Access, grupo atuante nas áreas de recursos naturais, produtos químicos, mídia,  telecomunicações e imóveis. Este fenômeno, diga-se, é definido pela escritora e ativista social Naomi Klein como “onda incorporativa”, que se dá quando empresas de diferentes segmentos se fundem, formando grandes conglomerados. Segundo Klein, a expansão da área de atuação das empresas, através da associação com outras companhias das mais variadas, opostas e inusitadas atividades, é a chave para a construção de um casulo de marca [O Lado B, p. 43].

A dívida amargada pela Warner Music, em razão da queda nas vendas de discos, girava em torno de 2 bilhões de Dólares, e fora assumida pelo império Access. O conglomerado não descarta a possibilidade de venda da companhia pela qual gravam artistas como Maria Rita, O Rappa, Red Hot Chili Peppers e Madonna. Diz-se que a Sony Music vem sinalizando algum interesse pela compra da Warner Music, tal como fez e concretizou com a BMG em 2005, passando desde então a figurar como a maior companhia fonográfica do mundo. Resta saber se a imponência do grupo Sony terá condições de salvar a causa major e a si num futuro tão incerto para as companhias do disco.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Patrocínio Colaborativo: Mão na Massa


Na virada dos anos 70 para os 80, o músico e engajado cultural Francisco Mário partia para uma audaciosa empreitada. Resolvera idealizar aquele que seria o seu segundo disco e vendê-lo antes mesmo de começar a gravá-lo. O LP “Revolta dos Palhaços”, concretizado em 1980, trazia em seu encarte as assinaturas dos apoiadores da produção independente [O Lado B, p. 78].

A ousada iniciativa de Francisco Mário ressurge, após três décadas, em continente virtual. As chamadas “plataformas de patrocínio colaborativo” visam, através da internet e suas redes sociais, arrebanhar público interessado por realizações das mais variadas áreas culturais ainda em sua fase embrionária. Através de doações espontâneas de pessoas predominantemente físicas, arrecadam-se os valores necessários para a gestação do projeto. O apoio conquistado estende a paternidade da empreitada a inúmeros patrocinadores, resultando um projeto naturalmente democrático; cultura de massas engendrada e provida pelas próprias massas.

Conheça algumas das principais plataformas de patrocínio colaborativo: