terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Som Sagrado

Por muito tempo à parte do universo popular, a música religiosa sai de seu nicho a partir da década de 90 para hoje ganhar grande espaço na mídia e a atenção das grandes companhias fonográficas.
Padre Fábio de Melo - Foto: divulgação.
No ranking dos CDs mais vendidos de 2009 – divulgado pela ABPD em 2010 – figura em primeiro lugar o álbum “Iluminar”, do Padre Fábio de Melo. O sacerdote reaparece ainda na sexta colocação com o disco “Eu e o Tempo - Ao Vivo”, na oitava com “Vida” e na décima quarta com “Padre Fábio de Melo - Triplo”. Na décima terceira posição figura “Deus do Impossível”, de Aline Barros.

Na relação de DVDs campeões de vendas, Fábio de Melo ocupa a segunda posição com “Eu e o Tempo - Ao Vivo”. Na quarta posição, “Paz Sim, Violência Não – Volume 2” do Padre Marcelo Rossi, que também aparece na nona colocação do ranking com o primeiro volume da mesma série. Na quinta posição, “Creio em Deus do Impossível”, do Padre Reginaldo Manzotti.

Destaque-se que todos os lançamentos em CD e DVD ora descritos possuem produção e/ou distribuição da Som Livre, excetuando-se Padre Marcelo Rossi, da Sony Music. Costumeiramente no ranking da ABPD com trilhas de novelas e demais produções dramatúrgicas, a gravadora das Organizações Globo perdeu seu foco no secular, hoje tendo cast predominantemente religioso, ao qual se agregam ainda Davi Sacer, Diante do Trono, Ludmila Ferber e outros mais. Neste 2011 a Rede Globo preparou o especial “Promessas”, exibido em 18 de dezembro, para reverenciar o gênero, tendo liderado a audiência do horário com média nacional de 13 pontos no IBOPE (Fonte: Gospel Prime).

Não somente a Som Livre se rendeu ao sagrado. Sony, além de Marcelo Rossi, reúne hoje vários artistas do meio gospel, em produções próprias e/ou distribuições, dentre os quais se destacam Cassiane, Brenda, Leonardo Gonçalves, Rayssa & Ravel e Shirley Carvalhaes. Muitos de tais artistas evangélicos hoje assediados pelas majors outrora pertenceram a gravadoras segmentadas, como MK Music e Line Records, pequenos selos que demonstraram às grandes multinacionais o caminho para um mercado de grande potencial.

Em entrevista para o Diário de Pernambuco, o Padre Fábio de Melo credita o crescimento nas vendas de álbuns religiosos a um novo momento na sociedade. “As pessoas estão mais carentes e revendo valores. A música provoca essa reflexão. Também acho que estão valorizando mais a qualidade do trabalho. Ninguém compra para fazer caridade. Compra porque está bom e faz bem à pessoa”, profere.

Louvável a união e a fé existentes entre as comunidades religiosas, sobretudo as evangélicas. Também notável a influência exercida por seus líderes sobre seus rebanhos. Em alguns lançamentos da música gospel, nota-se a presença de uma mensagem ou selo na arte do álbum que condena a pirataria, classificando-a também como pecado. Um forte e sensível apelo que muito contribui para o segmento, haja vista o interesse e os números crescentes de álbuns físicos de música religiosa no mercado fonográfico brasileiro.