quarta-feira, 30 de março de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Discos e Coleções em Bancas

Imagem: Blog Revista Jornalismo
Discos, porcelanas, talheres, brinquedos. Jornais e revistas também. Há muito as bancas deixaram de oferecer meros periódicos. A eficaz distribuição por parte das companhias editoriais logo despertou a atenção dos mais diversos nichos de mercado.

Imagem: Blog Maria Machado
Da possibilidade de associar periodicidade e produto nascem as coleções. No Brasil, a editora Abril, quando associada à Cultural, foi uma das pioneiras a desbravar com grande êxito este segmento. As séries “Grandes Compositores da Música Universal” e “Nova História da Música Popular Brasileira”, comercializadas durantes as décadas de 60 e 70, possuíam fascículos acompanhados de discos de 10 polegadas com seleções de canções. Seguiram-se, pela década de 80, tantas outras coleções, com destaque para as infantis como a “Taba”, também da Abril Cultural, que reuniu de forma criteriosa livros de histórias relevantes de nosso folclore juntos de compactos simples. Provado e atestado, o filão acompanhou a evolução dos suportes audiovisuais durante as duas últimas décadas em séries dos mais variados temas.



Imagem: Ibiubi
Imagem: Mercado Livre
Utilizando bancas de jornais como pontos de venda, o músico Lobão comercializou cem mil cópias do álbum “A Vida é Doce” em 1999, através de seu selo Universo Paralelo. A iniciativa foi embrião da revista Outracoisa, pela L&C Editora, em cuja qual eram encartados CDs inéditos de artistas novos e consagrados, e não meras seleções de sucessos.

São muitas as estratégias do marketing moderno para se agregar valor a um produto. O colecionismo talvez seja uma das mais eficazes. Tal técnica tem sido responsável atualmente pelo resgate do interesse pelos CDs, agora aparecendo nas bancas não em forma de simples coletâneas, mas em suas versões originais e integrais, vendidos a preços bastante acessíveis, acompanhados de encartes ricos em comentários, resenhas e ilustrações. Recentemente, os discos de Chico Buarque e Tim Maia viraram atrações da Abril Coleções, braço do grupo Abril criado para explorar este segmento. Nesta mesma linha, o jornal O Estado de São Paulo recém-lançou sua série “Grande Discoteca Brasileira”, destacando álbuns relevantes de nossa música em reedições igualmente cuidadosas, deleite para apreciadores de música e colecionadores, fiéis mantenedores da fonografia física.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Vale Tudo, Qualquer Coisa

O povo brasileiro é certamente um dos mais criativos do mundo – se não for o mais criativo. No país “Onde a gente não tem pra comer / Mas de fome não morre” [in “Eu Vim da Bahia”, Gilberto Gil], a necessidade e a privação instigam ainda mais os que dominam “a arte de viver da fé” [in “Alagados”, Paralamas do Sucesso].

Tal criatividade, já alcunhada de “jeitinho”, é apontada como cultural, tanto por fazer parte de nossa cultura como também por sê-la. Somos capazes de extrair inspiração até do mais improvável. Na arte, especialmente na música, temos inúmeros mestres em tal técnica.

Foto: Roberto Menescal, site oficial.
Roberto Menescal, autor da melodia de “Bye Bye, Brasil”, letrada por Chico Buarque, declarou ter composto o tema a partir do simples dedilhado de um acorde de violão. Feitas as variações harmônicas, criou uma melodia singular. Para “O Barquinho”, parceria com Ronaldo Bôscoli, Menescal criou uma linha melódica a partir do ruído falho do motor de seu barco.

Foto: Carlos Lyra, site oficial.
Décadas depois de composta, soube-se que “Lobo Bobo” – música de Carlos Lyra com letra de Bôscoli – foi assumidamente copiada da trilha do seriado “O Gordo e o Magro”, tendo apenas seu andamento modificado. Questionado em entrevistas, Lyra ainda se gaba e gargalha orgulhoso por seu feito: “...e nunca ninguém percebeu!”

Influenciado pelo concretismo, Djavan possui obra tão diversa quanto rica, tanto em melodia quanto em letra. O movimento surgiu na década de 50, e fora marcado pela abstração lírica, o que bem se percebe nos versos de “Faltando um Pedaço”, do músico alagoano:

Foto: Djavan, site oficial.
“O amor é como um laço / Um passo pr’uma armadilha / Um lobo correndo em círculos / Pra alimentar a matilha / Comparo sua chegada / Com a fuga de uma ilha / Tanto engorda quanto mata / Feito desgosto de filha [...]”.


Vocalizações e sílabas desconexas entremeiam as canções de Djavan, resultando não em mensagens objetivas, mas em sensações, que se dão através de estímulos quase que subliminares da percepção. Na arte de Djavan, o real significado da palavra é elemento secundário. Tom Zé, em seu recente e alternativo disco “Danç-Êh-Sá”, cravejou melodias sincopadas com versos monossilábicos, exponencializando esta peculiaridade.

Foto: Revista Billboard
Há ainda quem privilegie o balanço em suas criações. Em “O Sapo”, a melodia de João Donato recebeu esmerada letra de Caetano Veloso: “Coro de cor, sombra de som de cor de malmequer [...]”. A versão que perdurou, entretanto, leva os versos do próprio Donato: “Corongondon, corongondon gondon / Querenguenden, querenguenden guenden [...]”. Tim Maia, Jorge Benjor, Bebeto e Seu Jorge são, como Donato, personificações do suingue improvisado, marca de nossa música. De escola bossa-novista, João Donato, ao lado de Marcos Valle e Joyce são alguns dos nomes que, com maior erudição, conseguem incrementar tal balanço com refinadas harmonias.

Foto: tropicalia.com.br
Também adepto da divagação lírico-sonora, Gilberto Gil credita muito da sua inventividade à liberdade dos cantos afro-brasileiros. Caetano Veloso transita de maneira igualmente genial entre versos formais, parnasianos, e o despojamento estilístico de qualquer coisa, como bem refere uma de suas canções.

Desapegado de amarras estéticas, nosso som se mostra tão fluente e espontâneo quanto inspirado. Reflete nossa postura, costumes e, sobretudo, nossa capacidade de receber e assimilar o novo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Fim da Música?

Imagem:  viuisso.com.br
Em 27 de fevereiro de 2009, o jornalista, produtor, compositor e agregador cultural Nelson Motta proclamava o fim da música. O texto, publicado no jornal O Estado de São Paulo, está para completar dois anos e continua a repercutir.

Motta, em seu biográfico livro “Noites Tropicais”, narra a relação de alguém que viu a Bossa Nova surgir, a Tropicália ecoar, os festivais ferverem, a era discoteca estourar e o “BRock” barbarizar. Trata-se de alguém que produziu discos de Elis Regina, shows de Gal Costa e engendrou o lançamento de Marisa Monte.

Aqueles nostálgicos anos foram marcados por eventos de massa. A maior parte da produção fonográfica vinha das majors, os jornais e revistas eram parcos, o acesso à mídia era restrito. Possuíamos poucas opções de consumo cultural, e por conta disso encontrávamos com maior facilidade uma similaridade com aqueles à nossa volta. A finada era de massas possuía algum caráter agregador.


A publicitária nova-iorquina Faith Popcorn, em seu best-seller “Relatório Popcorn”, escrito no início da década de 90, apontava uma tendência comportamental cuja qual batizou de “encasulamento”. Segundo a autora, por aqueles próximos anos os indivíduos iriam cada vez mais se voltar a si, ao seu casulo.  Naquele remoto 1991, ano da publicação, a internet ainda estava longe de adentrar nossos lares e nosso cotidiano. A vida era ainda presencial, e não virtual. Éramos mais unidos.

Hoje não temos segmentos, mas hipersegmentos. As tendências e vertentes musicais deram crias. Dado o processo de democratização da técnica, citado por Motta, tais crias se reproduzem de maneira acelerada, e perceber influências torna-se algo dificultoso apesar de algumas vezes termos a nítida impressão de que algo soa familiar.

Imagem: Alfa Ana Mia.
Quanto mais temos facilidade no acesso desta vasta gama de produções culturais, mais o liquidificador gira, ou seja, mais rapidamente as assimilamos e descartamos – com a velocidade de se pressionar a tecla “delete”. Torna-se, portanto, ainda mais difícil algo que não seja dotado de imensa qualidade, erudição, técnica e emoção – dentre inúmeros outros fatores, sobretudo os mercadológicos – perpetuar-se como fez a quadragenária “Roda Viva”, de Chico Buarque ou a quinquagenária “Garota de Ipanema”, de Tom e Vinícius. Constatada esta realidade, poderíamos, como consequência, anunciar o fim da música – como fez Nelson Motta? Talvez pudéssemos entender tal cenário como uma ameaça ou simplesmente uma dificuldade em relação à perpetuação dela, o que seria tanto menos assustador, mas também delicado.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O SMD e a pirataria no contexto da atual fonografia

Adentrando o gabinete do então ministro da cultura Gilberto Gil, bradou: “O pirata está morto!”. Com a convicção de ter solucionado um problema para a indústria do disco, Ralf Richardson da Silva, da dupla Chrystian & Ralf, apresentava em fins de 2003 o protótipo de sua criação, o SMD: Semi Metalic Disc.


O SMD não se trata, no entanto, de novo suporte, mas sim da otimização de um já existente. Considerando que as produções musicais atuais raramente lançam mão de toda a capacidade do Compact Disc, Ralf sugeriu a metalização somente da parte útil da superfície acrílica do disco, de modo a reduzir custos. O conceito de economia se estende também à capa, feita em papelão e sem encarte. As informações técnicas aparecem grafadas no próprio rótulo do disco, que tem seu preço tabelado em R$ 5,00. “Dei o preço do pirata”, afirmou o cantor à época do lançamento do formato, em março de 2005. Em 2007, Ralf firmava contrato de exclusividade com a Microservice para fabricação do SMD e sua versão audiovisual, o SMDV, por 20 anos. A companhia do setor de vídeo games Nintendo sinalizou interesse em lançar seus produtos no suporte de Ralf, cuja patente foi registrada em mais de uma dezena de países.

O SMD e suas variadas possibilidades de metalização. Imagem: Portal SMD.

Convicto de que os históricos números da indústria fonográfica poderiam ser retomados, Ralf estabeleceu patamares altos para premiação sobre vendagens: meio milhão de cópias, disco Master; dois milhões, Master Top; cinco milhões, Master Star. Desde janeiro de 2004, após reforma, o padrão de premiação da ABPD consiste em: disco de ouro, 50 mil cópias; platina, 125 mil; platina duplo, 250 mil; platina triplo, 375 mil; diamante, 500 mil.

Atualmente, a Universal Music têm oferecido algumas de suas produções consagradas em embalagens econômicas – MusicPac – a preços que variam entre R$ 6,00 e R$ 9,00. Consoa a EMI. Outras companhias comercializam seus produtos, excetuando-se lançamentos, a preços igualmente competitivos. Ressalte-se que um CD pirata, que já chegou a custar R$ 5,00 nas ruas centrais de São Paulo, hoje é vendido por R$ 2,00. Mesmo o mercado fonográfico se esforçando em reduzir o preço final do disco físico, como tem feito, dificilmente conseguiria fazer frente à pirataria que, por ser ilícita, sempre leva vantagem pelo fato de estar isenta de tributação.

Enquanto se discute sobre como manter viável a venda de discos físicos, entretanto, a internet e as vias de difusão dela oriundas parecem estar não só formando, como consolidando um novo hábito de se ouvir música, o que é tanto mais difícil de conter ou mudar já que dia após dia, ou download após download, tal prática se vê mais arraigada em nossa cultura. A crise na fonografia, como visto no livro “O Lado B” – a que se recorre por adiante – tem bases comportamentais.


Em entrevista para o Portal SMD, Ralf foi questionado acerca dos suportes virtuais e proferiu palavras tanto mais românticas – de quem estruturou uma carreira no auge da fonografia – que factuais:



Ao meu ver o suporte físico é insubstituível, a musica pode passar pela Internet, mas ela não acontece (concepção da música), primeiro pela Internet, ela vem de um suporte físico (o disco). [...] A evolução tem que te dar o direito de ouvir melhor do que você ouvia no passado, não é mesmo? E a pirataria na Internet já existe e é fato. E os direitos autorais como serão cobrados pelos artistas na Internet? O pirata ainda está aí ganhando, e exterminando todas as grandes gravadoras no mundo com este suporte físico, então, este suporte físico tem que existir só que legalmente e com um preço justo.


Apesar da iniciativa extremamente louvável e empreendedora, nos seus cinco anos de existência o suporte de Ralf não despertou formal interesse por parte das companhias do disco. O SMD tem sido procurado fundamentalmente para ações promocionais e por artistas independentes que, muitas vezes estabelecidos na internet, buscam trazer ao plano físico sua produção. O formato tem obtido bastante êxito, mas para fins diferentes daqueles para os quais se pensava.


Os discos físicos ainda são objetos de interesse de apreciadores de música, e para um novo artista que construiu suas influências através deles, é natural que este queira ter sua produção em formato tangível. O CD ainda movimenta consideráveis cifras, mesmo que de maneira descendente. Mas uma vez que a música se desprende do suporte material para a intangibilidade de diretórios de players de MP3 – que se popularizam até nos celulares e nos aparelhos de som automotivos – acentua-se no disco o status de memorabilia [p. 97].

Algumas empresas criaram lojas virtuais para comercializar arquivos de música digital, numa tentativa de regularizar seu compartilhamento sem ferir os direitos autorais e de propriedade. Tal iniciativa, contudo, não obteve grande êxito no Brasil, haja vista que os mesmos fonogramas ainda podem ser encontrados gratuitamente por uma infinidade de “cibervias” alternativas [p.29].

Pirataria à parte, a realidade é que a música vem se desprendendo de suportes físicos ao mesmo tempo em que é deixada de ser entendida como produto pelos brasileiros. Visionário e com grande conhecimento de causa, o produtor João Marcello Bôscoli, criador do conceito de download patrocinado, acredita que em breve “ninguém mais vai pagar por músicas”. Até mesmo a indústria que move a pirataria física é ameaçada, dada esta tendência que já há algum tempo temos constatado.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Slap, o selo descolado da Som Livre

O venturoso lançamento da trilha sonora da novela “Véu de Noiva” em 1969, resultado da parceria entre a TV Globo e a gravadora Philips, leva a emissora a fundar em 1971 a Som Livre. Pertencente à Sigla, Sistema Globo de Gravações Audiovisuais, a companhia foi criada inicialmente com a única finalidade de comercializar as trilhas sonoras das produções dramatúrgicas da emissora, constituídas, em sua maior parte, por fonogramas licenciados junto a outras gravadoras. A ideia, por sinal, fora importada do México, país de longa tradição em folhetins televisivos, pioneiro no lançamento das trilhas de tais produções.


O primeiro lançamento da Som Livre: SIG 1001.
Imagem: didimocolizemos.wordpress.com
Desde sua criação, os lançamentos da gravadora das Organizações Globo passam a figurar entre as vendas anuais mais expressivas do mercado fonográfico brasileiro. Nomes como Rita Lee, Novos Baianos, MPB4, Emílio Santiago, Cazuza, Elis Regina, Fafá de Belém, Moraes Moreira, Djavan, Fábio Jr. e Francis Hime já passaram pela gravadora, além de Xuxa, sua mais profícua contratação, que hoje integra o cast da Sony Music. Recentemente, a Sigla se desfez de sua editora musical, a Sigem, por questões administrativas. Entretanto, atenta às novas possibilidades comerciais e tendências do mercado fonográfico, em novembro de 2007 cria um novo selo com a proposta de:

"(...) produzir, distribuir e divulgar o CD dos cantores e bandas da maneira tradicional existente, contando ainda com a possibilidade de emplacar as músicas nas compilações e nas trilhas de novela que a Som Livre também produz, além de inovar utilizando bastante as novas mídias – uma fonte de visibilidade, interação com os fãs e vendas cada vez mais legítimas para o mercado".


Com ares de independente, o selo Som Livre Apresenta foi recentemente rebatizado de Slap – feliz coincidência com nome de manobra executada no contrabaixo, também conhecida como Slapping. A marca conta com nomes como Jonas Sá, Marcelo Jeneci, Little Joy, The Parlotones e Maria Gadú, cantora e compositora de interpretação marcante, segura e de postura alternativa, destaque maior, inclusive, que seu próprio selo.

Em entrevista para a Billboard Brasil, Leonardo Ganem, executivo da Som Livre, afirma que a Slap nasceu em momento negro para a indústria fonográfica:

"E [o selo] nasceu um pouco por isso mesmo: o setor só trazia más notícias, era uma queda que não acabava mais. então, resolvemos criar alguma coisa para as pessoas falarem bem. Fomos aos acionistas da TV Globo e lembramos a eles que a emissora tem como missão divulgar cultura brasileira de qualidade."


Diferentemente dos demais websites de companhias fonográficas, o endereço virtual da Slap é hospedado em domínio “.mus.br”. Supõe-se que o tradicional “.com.br” foi evitado a fim de ressaltar a verdadeira intenção do selo, que pretende valorizar mais o lado musical do que o comercial, assim redimindo a voracidade industrial com que a Som Livre conduziu a maior parte de suas produções em 40 anos de notável e intensa existência.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Suportes Alternativos

O disco de 78 rotações, o Long Play, o Cassete, o Compact Disc e o DVD são, em ordem cronológica, os continentes mais populares da produção audiovisual. Outros suportes, porém, foram testados e mesmo introduzidos no mercado de varejo na Ásia, Europa e América do Norte. Conheçamos alguns deles:

- Disco de 16 e 2/3 RPM – Higway Hi-Fi

Imagem: audiophilia.com
Desenvolvido em 1956 pelo mesmo criador do LP, Peter Goldmark, o Higway Hi-Fi consistia em um sistema de toca-discos montado sobre base à prova de choques inicialmente para uso em automóveis Chrysler. A companhia CBS-Columbia foi a responsável pelo fabrico dos aparelhos bem como dos discos especiais para o sistema. Com cerca de 550 sulcos por polegada, o dobro do padrão LP, o Higway Hi-Fi usava agulha de 0,25 milímetro para interpretar as vibrações de um disco de 7 polegadas girando a somente 16 e 2/3 RPM, garantindo surpreendentes 45 minutos de gravação em cada uma de suas faces. Em 1960, a RCA fabricou aparelhos similares capazes de reproduzir discos no padrão single, em 45 RPM.

- Cartuchos

Imagem: socalmusicexchange.com
Inicialmente desenvolvidos para uso em emissoras de rádio, os cartuchos magnéticos se popularizaram entre as décadas de 60 e 70 nos Estados Unidos e na Europa após serem formalmente adotados pela indústria fonográfica. George Eash foi o criador do Fidelipac, com duas faixas de áudio, um dos primeiros modelos a lançar mão desta tecnologia. Seguiram-se as versões de quatro e oito faixas com variações de nomenclatura, formatos e canais de áudio, desde monaurais até quadrafônicos: Stereo-Pak, 8-Track, Lear Jet, PlayTape, Quad-8 etc. Todos consistiam, no entanto, numa longa fita magnética disposta em um par de rolos acondicionada em caddy – cápsula plástica retangular. Versões automotivas de aparelhos reprodutores de cartuchos também foram desenvolvidas.

- HIP Pocket Records


Em fins da década de 60 a Americom Coperation desenvolveu o Pocket Record, similar ao single, porém com apenas 4 polegadas e com menor espessura. A companhia Philco foi a responsável por fabricar os tais discos bem como seus aparelhos reprodutores. Os HIP Pocket Records eram vendidos por cinquenta centavos de Dólar em máquinas automáticas e tinham capacidade para cerca de três minutos e meio de gravação. Os últimos discos HIP datam de 1969.


- Capacitance Eletronic Disc – CED

Imagem: cedmagic.com
O sistema CED foi desenvolvido pela RCA em 1964, no qual vídeo e áudio poderiam ser reproduzidos em um televisor através de um disco de 12 polegadas feito em material semelhante ao vinil, com sulcos de alta densidade. Estes eram interpretados por aparelhagem dotada de agulha especial montada sobre braço tangencial. Da capacitância entre as ondulações oriundas dos sulcos, surgiam impulsos elétricos decodificados em áudio e vídeo. Os discos, que giravam entre 400 e 500 RPM possuíam invólucro plástico, um caddy, como um disquete de computador, de modo a evitar danos em sua delicada superfície. SelectaVision foi o nome comercial adotado pela RCA para tal sistema, que foi descontinuado em 1986 dado o seu alto custo ante ao já consolidado VHS. A companhia japonesa JVC desenvolveu na década de 70 sua versão de disco audiovisual eletrônico, o VHD: Video High Density, muito similar ao SelectaVision. Além de filmes e shows, o VHD também foi utilizado como suporte para video games e karaokê. Possuía uma versão voltada somente ao áudio, o AHD. O sistema foi abolido em 1984 sem muito transcender as fronteiras asiáticas.

- Mikro Disk

Imagem: audiorama.com.br
Em fins da década de 70 um comitê japonês se posicionava em relação à adoção de um padrão para disco de áudio digital. Três eram os concorrentes: o Compact Disc, da Philips; o AHD, da JVC e o Mikro Disk, da alemã Telefunken, que sequer foi produzido industrialmente e tampouco foi adotado pela indústria fonográfica. Cite-se, apenas para efeito de registro, que tal suporte trabalhava com discos de 5,3 polegadas envolto por cartucho. Apesar de possuir leitura analógica, por meio de sulcos e agulha, o aparato da Telefunken possuía codificação digital, muito se assemelhando ao sistema CED e, pela forma, ao MD – a ver – e poderia ter ocupado o lugar que é hoje do CD se tivesse sido aceito como padrão pela indústria.

- Mini Disc – MD

Introduzido no mercado pela Sony em 1992, o Mini Disc consiste em disco digital semelhante ao CD, acondicionado em cartucho de 68 x 72 milímetros. Em suas versões graváveis e regraváveis, o MD tem capacidade variável, dependendo da compressão de áudio utilizada. Foi e ainda é utilizado em transmissões de rádio, tendo sido adotado também pela indústria do disco japonesa.

- LD – Videolaser / Laserfilm / Discovision / Laser Disc

Imagem: blamld.com
Da força conjunta entre MCA e Philips, surge em 1978 o Discovision, disco digital de 12 polegadas com tecnologia semelhante a do CD, apta a registrar conteúdo audiovisual. Foi o precursor do DVD e, por consequência, do Blu-Ray. Também ficou conhecido como Laserdisc ou ainda LD. Com tamanho igual ao de um LP e gravação em ambas as faces, foi – até meados da década de 90 – suporte de produções de companhias como Disney, Universal Studios, Paramount, Warner Pictures etc.

Inúmeros outros suportes de áudio e vídeo foram desenvolvidos pelas empresas de tecnologia. Foram poucos, no entanto, que demonstraram viabilidade no mercado de varejo. Além de estabelecer o consenso entre os produtores de conteúdo audiovisual, tais companhias possuem ainda o grande desafio de ter suas criações aceitas pelo público consumidor. Numa era em que o conteúdo audiovisual se vê cada vez mais desprendido de suportes definitivos, torna-se ainda maior este desafio.