Como visto no livro "O Lado
B", a Casa Edison foi a companhia pioneira na produção de discos no Brasil -
em fins do século XIX. Localizada no centro do Rio de Janeiro, a empresa fora idealizada e conduzida pelo tcheco Federico Figner,
tendo sido sucedida pela Odeon em 1929. Naquele mesmo ano, em São Paulo, o industrial Alberto
Jackson Byington Junior dava início a mais uma empreitada da Byington & Co.
A companhia, já firmada no Brasil como representante de máquinas de escrever e
geladeiras, passaria a investir também em música gravada.
Por sugestão do produtor
norte-americano de cinema Wallace Downey, Alberto Byington assumiu a
representação da Columbia Records no Brasil. Assim foi durante 14 anos, até que
a Columbia norte-americana resolveu se instalar por aqui de forma autônoma. O
conglomerado Byington possuía notável know-how acerca do mercado fonográfico,
assim como estrutura e maquinário, por isso tinha totais condições de
prosseguir com suas atividades fonográficas, mesmo desvencilhada da marca
Columbia.
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Disco de 78 RPM de 1941. Selo Columbia, fabricação de Byington & Co. |
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Disco de 78 RPM de 1945. Selo Continental, fabricação de Byington & Co. |
O pesquisador Ruy Castro narra em
seu livro "Chega de Saudade" [Companhia das Letras, 1990] o curioso
e eficiente sistema de distribuição da Continental em meados das décadas de 50
e 60, que levava seus discos aos lugares mais inóspitos do Brasil, se valendo
até de transporte animal - o conhecido "lombo de burro".
A GEL se notabilizou a partir da
década de 60 por expressivos lançamentos de álbuns de música sertaneja em
grande escala, com destaque para nomes como Cascatinha & Inhana, Duo Glacial,
Irmãs Galvão, Tonico & Tinoco, Milionário & José Rico e tantos outros. Como
visto no livro “O Lado B”, a Columbia, representada pela Byington, havia sido a
primeira companhia a explorar esse filão, através do pesquisador e empreendedor
Cornélio Pires. A também nacional Copacabana investiu fortemente nesse segmento,
pouco valorizado pelas majors, assim como a Chantecler, adquirida pela GEL em
1972 – tornando mais forte seu conglomerado. Somente na virada dos anos 80 para os 90 as gravadoras internacionais se
renderiam em peso ao estilo sertanejo, tendo como marco a saída de Chitãozinho &
Xororó da Copacabana rumo à Philips, um dos selos mais nobres da Polygram –
atual Universal Music.
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GEL / Continental: do surgimento ao fim, profusão de identidades visuais. |
Entre as décadas de 60 e 80, a
fábrica da GEL não somente dava conta de suas próprias demandas, como também
fabricava discos de várias outras companhias, tais como CBS e Warner Music (WEA).
A Warner, por sinal, se estabeleceu no Brasil na segunda metade da década de 70
dedicando-se muito mais aos setores de A&R (artistas e repertório), promoção
e vendas do que à fabricação – antecipando uma tendência que viria dominar a
indústria anos depois. A GEL possuía ainda uma gráfica própria para produzir as
capas e encartes de seus discos. No fim da década de 80, a companhia terceirizou
suas prensagens com a americana Wheaton – no Brasil estabelecida em São Bernardo
do Campo.
O conglomerado GEL foi
incorporado ao grupo Warner em 1993, sem aparentar crise, já que a gravadora
vinha emplacando diversos êxitos até então, sobretudo no segmento sertanejo, que
tomou conta do Brasil nesse período. Destaque para Roberta Miranda e Leandro
& Leonardo, que gravaram diversos discos pela GEL e Warner.
Após a fusão e com a crescente
demanda do mercado por CDs, a produção de vinil – e também de cassetes, no
mesmo parque fabril – da GEL foi desativada. Os últimos LPs e cassetes lançados
por selos GEL / Warner, na década de 90, foram fabricados por diversas outras
companhias, ao passo que toda a produção de CDs no Brasil saía basicamente de
três fábricas: Microservice, Videolar e VAT. Sony Music e BMG teriam fábricas próprias
de compact discs na segunda metade dos anos 90.
A GEL / Continental provavelmente foi a gravadora nacional mais longeva da história de nossa fonografia, e talvez aquela que melhor tenha retratado toda a diversidade musical brasileira entre as décadas de 40 e 90.
>> Post 2 de 2 em breve.
A GEL / Continental provavelmente foi a gravadora nacional mais longeva da história de nossa fonografia, e talvez aquela que melhor tenha retratado toda a diversidade musical brasileira entre as décadas de 40 e 90.
>> Post 2 de 2 em breve.
Muito bacana! Sobre as identidades visuais, você saberia ordená-las cronologicamente? Abraço!
ResponderExcluirAí está um bom desafio! Rs...
ExcluirAbra a imagem em resolução maior e acompanhe comigo:
- Grupo Papo 10, 1993
- Almir Sater, 1989
- Os Bons Tempos da Jovem Guarda, 1983
- Country Blue Gang, 1979
- Noca do Acordeom e Conjunto, 1978
- Demétrius, 1976
- Wilson Miranda, 1973
- F. Petrônio e D. Reis, 1962 (relançamento anos 70)
- Geysa Celeste, 1965
- Terezinha Quental, 1965
- Dilermando Reis, 1963
- Elis Regina, 1961
Abraço e obrigado por prestigiar esse espaço!
Igor